TESTES: TEMOS SOLUÇÃO EM
PORTUGAL!...
MSG RECEBIDA DO AMIGO DR NUNO TAVARES COM PEDIDO DE DIVULGAÇÃO:
Jorge Buescu, 27/3/2020"
Os leitores perdoar-me-ão se
deixar a análise aos números de hoje para segundo plano. Porque venho
trazer-lhes uma mensagem de esperança que pode salvar muitas centenas ou
milhares de vidas -- mas exige acção imediata.
Muitos conhecerão de nome
Maria Manuel Mota. Investigadora de primeiro plano mundial na área das
Biociências e doenças infecciosas, em particular malária. Directora do
Instituto de Medicina Molecular, onde trabalham mais de 600 pessoas. Prémio
Pessoa em 2013.
Mais importante do que
qualquer elemento curricular, a Maria Mota tem na mão uma chave para o problema
da falta de testes COVID em Portugal. Conheço-a há muitos anos, falei com ela
há pouco. Aqui segue o relato.
Os testes de detecção ao
COVID são fabricados essencialmente por duas empresas, a Roche e a Qiagen. Os
kits de teste contemplam duas fases: extracção e amplificação por processo PCR,
sendo os reagentes bem conhecidos. O problema, claro, já se sabe qual é: nós
não produzimos estes reagentes, fomos ao mercado tarde, já não encontramos à
venda e agora estamos a racionar (ou a “racionalizar” – neste momento os
malabarismos retóricos são o que menos importa) os poucos que temos e a fazer
muito, MUITO menos testes do que devemos. A Alemanha, cuja indústria produz os
reagentes necessários, faz 500.000 testes por semana. Portugal esta semana fez
17.000. Tendo em conta que a população alemã é 8 vezes maior, temos um nível de
testes que é 20% do alemão.
Que entre a Maria Mota.
Há 17 dias, alertada para o
problema por dois médicos de Santa Maria, a Maria Mota colcoua a sua equipa no
IMM a desenvolver uma alternativa portuguesa ao kit de teste. Foi, num certo
sentido, muito simples: em vez de desenvolver um processo a partir do início, a
Maria Mota pegou no protocolo publicado pela OMS e pelo CDC americano para os
testes ao COVID e adaptou-o à realidade portuguesa. Identificou os reagentes
críticos em falta em Portugal para produzir um teste e concebeu alternativas. A
alternativa existe em Portugal; a empresa que a produz, a NZY Tech, pode produzi-los
em quantidade virtualmente ilimitada para todos os efeitos práticos.
Neste momento a Maria Mota já
dispõe de um kit testado, que funciona perfeitamente na identificação quer de
casos positivos quer de casos negativos. Há uma semana contactou a DGS por
escrito, não tendo ainda obtido resposta. Felizmente para nós, tem linha aberta
para o Ministro da Ciência, Manuel Heitor, que compreende bem a urgência destes
tempos, e que desbloqueou a situação. Obrigado por todos nós, amigo Manuel.
O kit foi testado e está
certificado pelo Instituto Ricardo Jorge no sábado passado. Há dois dias foi
validado pelo mesmo Instituto. Está pronto a ser aplicado em quantidades
virtualmente ilimitadas. As limitações para a Maria Mota não são de número de
testes disponíveis: são de mão de obra humana. O seu IMM tem neste momento
capacidade para administrar 300 testes por dia, podendo talvez chegar aos 900 a
1000.
Isto são notícias
extraordinárias. Temos um teste português, validado e certificado, que pode
começar a produção em massa ONTEM. Podemos abrir centros de testes por todos o
País e começar finalmente a política de testes massivos e rastreios
sistemáticos recomendada pela OMS, que nunca seguimos. De que estamos à espera?
Dizia-me a Maria Mota que
cada dia que passa conta. Se tivéssemos começado há uma semana tínhamos salvo
muitas vidas. Já não vamos a tempo. Mas vamos a tempo de salvar muitas mais nas
semanas que se avizinham e vão ser terríveis.
Ainda vamos a tempo de salvar
milhares de vidas (e estou a medir as palavras). Mas temos de agir JÁ.
Senhores do Governo, do
Ministério da Saúde, da DGS, de tudo quanto manda neste País: larguem os vossos
papéis e agarrem na Maria Mota. Não interessam agora os vossos erros de
avaliação do passado: não cometam agora o maior de todos. Dêem à Maria Mota
tudo, TUDO o que ela pedir. E peguem nos kits dela, comecem a produção em massa
daqui a uma hora, organizem a abertura urgente postos de teste de emergência
nos pavilhões multiusos em todos os concelhos daqui a duas horas. Não queiram ser
responsáveis por tudo: mobilizem a sociedade civil. Recrutem voluntários para
administrar testes e realizar análises laboratoriais (que demoram 4 a 5 horas)
entre estudantes de Medicina e Farmácia. Usem os estádios de futebol, os
pavilhões desportivos, façam o que quiserem. Organizem, não é para isso que
servem os Governos? Mas DESPACHEM-SE! Não é para amanhã, é para ONTEM!
Porque cada dia conta, e
cada hora perdida hoje representa mais mortos daqui a 15 dias
Dizia-me a Maria Mota que cada dia que passa conta. Se tivéssemos começado há uma semana tínhamos salvo muitas vidas.
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