Anjo Metatron
Na minha passagem pelo Porto em 2011 (9 anos atrás) eu conheci pessoalmente o Dr Alvaro de Jesus que me tinha sido apresentado virtualmente pela Amiga Delay Prata (Jóia D'África).
Numa primeira apresentação eu recebi esta Carta que, vamos e venhamos é bastante extensa e cansativa porém vale a pena ler e por isso a transcrevo aqui integralmente;
D E S P E D I D A
Nossa longa viagem está terminada. Tudo
já foi demonstrado, tudo está concluído até às últimas consequências. A semente
está lançada no tempo, para que germine e frutifique. Dei meu verdadeiro
testemunho, minha obra está completa. O pensamento desceu, imobilizou-se na
palavra escrita: não podereis mais destruí-lo. Está demais antecipado, para ser
todo imediatamente compreendido. Nem todos os séculos são capazes de
compreender totalmente uma ideia, mas é necessário que, com a psicologia, a perspectiva
mude para vê-la sob novos ângulos. Vosso julgamento está viciado por uma visão
imediatista, mas os anos correrão, e quando tiverdes visto o futuro,
compreendereis esta Síntese em profundidade, e a enquadrareis na história do
mundo. Para alguns, estes conceitos ainda estarão fora do concebível. Outros
recusarão um trabalho de compreensão porque não desfrutam deles vantagem
imediata. Outros procurarão afastar a verdade porque ela perturba o ciclo
animalesco de suas vidas, e continuarão a dormir: a esses falará a dor. O cerco
aperta-se e amanhã será muito tarde.
A convicção não é tanto filha de
cálculos lógicos e racionais, mas dum estado de amadurecimento interior, que só
se consegue por meios de provas, lutando e sofrendo. Inútil, pois, falar a respeito
desta Síntese para demonstrar erudição, se não é " sentida " como
orientação, se não for assimilada como vida. É verdade que a alma colectiva dos
povos sente, por intuição mais do que pela razão, a filosofia, o sistema
político e a forma social que mais convenham para realização dos fins da
própria evolução, e varrem tudo o que não corresponda ao trabalho que o momento
histórico exige. Mas, assim como é inútil criar sistemas lógicos e esperar que
sejam compreendidos quando incompatíveis com o momento histórico, minha
concepção é uma visão fecunda que antecipa a realização, é síntese não apenas
do que pode ser conhecido, mas também das arrojadas aspirações da alma humana.
Falei ao mundo, a todos os povos. Disse
a verdade universal, verdadeira em todos os lugares e em todos os tempos.
Valorizei o homem e a vida, deles fazendo uma construção eterna; através de
todos os campos mais disparatados, fiz convergir tudo para um estrito monismo.
Nesta síntese: ciência, filosofia e fé são uma só coisa. Tornei a dar-vos a
paixão do bem e do infinito. A tudo o que vossa vida possa abarcar, dei ua
meta; arte, direito, ética, luta, conhecimento, dor, tudo canalizei e fundi no
mesmo caminho das ascensões humanas.
Vós vos moveis no infinito. A vida é uma
viagem, e nela só possuís vossas obras. A cada hora morre-se e a cada
hora se renasce, mas sempre como filhos de nós mesmos. A
evolução, pulsando segundo o ritmo do tempo, não pode parar.
Vedes através de falsa perspectiva
psíquica. É preciso conceber não as coisas, mas a trajectória de seu
transformismo; não os fenómenos, mas os períodos fenoménicos; Tendes de
colocar-vos dinamicamente na fluidez do movimento, realizar-vos neste mundo de
coisas transitórias, como seres indestrutíveis, num tempo que só pode levar a
uma continuação, lançados para um futuro eterno, que vos abre as portas da
evolução.
Após milénios e milénios, não sereis
mais as crianças de hoje, e alcançareis formas de
consciência que hoje nem sequer sabeis imaginar.
Mostrei-vos o destino e o tormento dos grandes que vos precederam na jornada.
Eles vos dizem o que será o homem, amanhã: Não podeis parar.
Vimos o funcionamento orgânico da grande máquina do universo em seus aspectos,
nas fases de seu transformismo. É um movimento imenso e tendes que funcionar
como parte do grande organismo.
Uma grande atracção governa o universo
por inteiro: Amor. Ele canta na arquitectura das linhas, na sinfonia das
forças, nas correspondências dos conceitos, sempre presente. Chama-se atracção
e coesão no nível da matéria; impulso e transmissão no nível energia; impulso
de vida e de ascensão no nível espírito. É a harmonia na ordem cinética, em que
reside nossa respiração e a respiração do universo. Ousámos desvelar
o mistério e olhar sem véus a Lei,
que é o pensamento de Deus. Em todos
os campos vimos os momentos desse conceito que governa tudo. Que os
bons não tenham medo de conhecer a verdade.
O quadro está ultimado, a visão é
completa. Dei-vos um conceito da Divindade muito menos antropomórfico, muito
mais transparente em sua íntima essência, muito mais purificado das reduções
feitas pela representação humana; um conceito mais luminoso, adequado à vossa
alma moderna mais amadurecida. Assim o mistério pôde emergir em termos de
ciência e de razão, saindo dos véus do símbolo. Caminhámos do mineral ao génio,
para contemplar a vitória do homem; choramos e ansiamos com ele na cansativa
conquista do bem contra o mal, no caminho de sua ascensão.
Ouvimos uma sinfonia grandiosa, em que
da matéria ao espírito, tudo canta o hino da vida. Oramos em sintonia com todas
as criaturas irmãs. A concepção move-se no infinito. Os únicos limites que vos
dei são os impostos pelo vosso concebível. Nosso estudo foi a adoração da
Divindade.
Dei-vos uma verdade universal e
progressiva, em que podem coordenar-se todas as verdades relativas. Dei-vos
conclusões que se não podem negar, sem negar toda a ciência, todo o universo.
A premissa é gigantesca; não pode ser
abalada. Cada palavra é um apelo à vossa racionalidade; não podeis negá-la.
Sempre afirmado, muito mais do que negado. O ponto de partida desse organismo
conceptual não é egocêntrico nem antropomórfico, mas implica em sua génese numa
transferência para fora de vosso plano de concepção. Conclamei-vos às grandes
verdades do espírito; recompletei vossa vida dividida ao meio pelo
materialismo; restituí-vos ao infinito como cidadãos
eternos. A ciência tem grande responsabilidade: ter destruído a fé sem
saber reedificá-la. Com seus próprios meios, ergui-vos até a Síntese; dei-vos
uma ética racional baseada em vastíssima plataforma científica. Dei ao
supersensório um peso real objectivo. Mostrei-vos a realidade que está além da
ilusão, a substância que reside no transitório, o absoluto que existe nas
modificações do relativo. Ergui a ciência até a demonstração das verdades
metafísicas. Reuni os extremos inconciliáveis, a matéria e o espírito,
equilibrando e fundindo num só plano de trabalho a terra e o céu. Encaminhei o
homem à sua futura consciência cósmica. No âmago de meu pensamento, sempre se
moveu a visão da Lei de Deus.
Não podeis negar neste escrito, em que
se agitam todas as esperanças e todas as dores humanas, uma palpitação de vida
substancial; não podeis deixar de sentir, por trás da demonstração objectiva,
uma paixão pelo bem, uma sinceridade absoluta, uma potência de espírito que
vivifica tudo. Podereis negar ou discutir nele o supranormal. Mas este é normal
em todas as outras criações de pensamento; normal nelas é a inspiração, sem a
qual não se atingem as verdades eternas; normal a intuição super-racional: é
normal um abismo de mistério na consciência, da qual nada sabeis. Cada alma
vibrará e responderá de acordo com sua capacidade de vibrar e responder.
Aqui fala também o coração,
exortando-vos a subir. Aqui reside imenso amor pelos homens, como Cristo o
sentiu na cruz; há um desejo violento de beneficiar, iluminando. Este livro
quer ser um acto de bondade e de bem, num plano vastíssimo. Na férrea
racionalidade está contido o ímpeto de uma alma que vê o futuro
e sabe que tempestade vos espera.
Compreender é simples e natural na fase intuitiva. Só aceitei a ciência, as
pesquisas, a racionalidade, como um meio que vossa psicologia me impôs. A quem
queira atacar esta doutrina para demoli-la, vou a seu encontro de braços
abertos, para dizer-lhes: és meu irmão, só isto importa de verdade. Eu sei:
estes conceitos estão tão afastados do mundo feito de mentira e de
desconfiança, que vos parecem inaceitáveis e inconcebíveis. Mas minha linguagem
precisa ser substancialmente diferente.
Este constitui um apelo desesperado de
sabedoria, para o mundo. No coração dos homens e de seus sistemas, domina o
egoísmo e a violência; não o bem, mas o mal. A civilização moderna lança as
sementes com grande velocidade e aguarda a produção intensiva de sua dor
futura. Será a dor de todos. Poderá tornar-se maré demolidora que destruirá a
civilização. Os meios estão prontos para que hoje um incêndio se alastre por
todo o mundo. Falei aos povos e aos chefes, religiosos e civis, em público e em particular. Depois
da conciliação política entre Estado e Igreja, na Itália, urge agora esta
conciliação maior espiritual entre ciência e fé no mundo. Se um princípio
coordenador não organizar a sociedade humana, esta se desagregará no choque dos
egoísmos.
Falei num momento crítico, numa curva da
história, na aurora de nova civilização. Podereis não ouvir e não compreender, mas
não podereis mudar a Lei. Se a civilização
agora tem bases muito mais amplas que nos tempos do império romano, e não é
mais um simples foco num mundo desconhecido, ainda existem, porém, enormes
desníveis de civilidade, de cultura e de riqueza. A Lei leva ao nivelamento e à
compreensão. Enquanto houver um só bárbaro na terra, ele tentará rebaixar a
civilização ao seu próprio nível, invadir e destruir, para aprender. As raças
inferiores depressa quebrarão o encanto a respeito de sua impressão da
superioridade técnica europeia, e dela se apoderarão para pular à garganta do
velho Senhor.
A todas as crenças, digo: o que é
divino, permanecerá; o que é humano, cairá; qualquer afirmação temporal é uma
perda espiritual; cada vitória na terra é uma derrota no céu. Evitai os
absolutismos e preferi o caminho da bondade. Não se aplica imposição ao
pensamento; a força não o atinge e produz afastamento. Dai exemplo de renúncia
das coisas da terra. Vossas verdades relativas são apenas pontos de vista
progressivos e diferentes do mesmo princípio único. O futuro não consistirá na
exclusão recíproca, mas na coordenação de vossas aproximações da verdade. Não
discutais: a convicção não se impõe com ameaças, mas difunde-se com o exemplo e
com o amor.
À ciência digo
que, enquanto não for fecundada pelo amor
evangélico, será uma ciência de inferno. Inútil
é o progresso mecânico que faz da
terra um jardim, se, nesse jardim, morar
uma fera. A terra é um inferno porque
vós sois demónios. Tornai-vos anjos e
a terra será um paraíso.
Não temam os justos e os aflitos que
olham, tremendo, a algazarra humana que busca glória, riqueza e prazer, porque
se esta, por um momento, vence e goza, a Lei está vigilante.
" Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados".
Digo-vos: jamais agridais; não sejais vós os agentes de vossa justiça, mas a
Divindade; perdoai. Fazei sempre o bem e o fareis a vós mesmos; deixai a
reacção à Lei; não vos prendais ao ofensor com vingança. Não espalheis jamais
pensamentos, palavras, actos de destruição; não movimenteis as forças negativas
da demolição, pois, de retorno, cairão sobre vós mesmos. Sede sempre
construtivos. Preocupai-vos em qualquer campo criar, não em demolir; nada
possui tanta força demolidora quanto um organismo completo em função. Então, o
velho cai por si, sem lutas de reacção, porque todas as correntes da vida se
precipitam para as formas novas.
Não vos rebeleis, mas aceitai todo o
trabalho que vosso destino vos oferece. Este já é perfeito e contém todas as
provas adequadas, embora pequenas. Se é assim, não procureis alhures grandiosos
heroísmos. Os pequenos pesos que se suportam por muito tempo, representam
muitas vezes um esforço, uma paciência, uma utilidade maiores. As provas
implicam no trabalho lento de sua assimilação; a construção do espírito tem de
ser executada em cada minúcia; a vida é toda vivida momento a momento, a cada
instante há um acto e um facto que se liga à eternidade. Lembrai-vos de que o
destino não é mau, mas sempre justo, mesmo se as provas são pesadas.
Recordai-vos de que jamais se sofre em vão, pois a dor esculpe a alma. A lei do
próprio destino obedece a equilíbrios profundos e é inútil rebelar-se. Há dores
que parecem matar, mas jamais se apresentam sem esperança; nunca sereis
onerados acima de vossas forças. A reacção das inexauríveis potências da alma é
proporcional ao assalto. Tende fé, ainda que o céu esteja negro, o horizonte
fechado e tudo pareça acabado, porque lá sempre está à espera uma força que vos
fará ressurgir. O abandono e sua sensação fazem parte da prova, porque só assim
podereis aprender a voar com as próprias asas. Mesmo quando dormis ou ignorais,
o destino vela e sabe: é uma força sempre activa na preparação de vosso amanhã,
que contém as mais ilimitadas possibilidades.
Esses ideais foram ensinados na terra.
Mártires morreram por eles. Mas, o que não foi explorado pela hipocrisia do
homem? Às vezes, os ideais, para serem divulgados, utilizam justamente esta sua
capacidade de sofrer a exploração, tal como o fruto que se deixa devorar para
que a semente seja levada para longe. Há a classe dos construtores e há a
classe dos demolidores; dos parasitas que, pela mentira, operam uma contínua
degradação de todos os valores espirituais. Há quem constrói à custa de
tormentosos esforços e há quem utiliza para si, se pendura como peso morto,
para baixar tudo ao próprio nível. Um é espírito que vivifica, outro é matéria
que sufoca. O princípio puro, então, infecciona-se, adquire sabor de mentira:
processo de degradação de ideais. Ai dos culpados, dos demolidores do esforço
dos mártires! Ai de quem faz da missão
uma profissão, e coloca o espírito como base de poder humano! Ai
de quem mente e induz a mentir; de quem com o abuso, induz ao abuso; de quem,
dando exemplo de injustiça bem sucedida, a propõe como uma norma de vida!
Realizada uma acção, não podeis mais anulá-la até que se esgotem e sejam
reabsorvidos seus efeitos. Ai da sociedade que deixar esquecidos seus melhores
elementos, não os colocando na posição que possam render em vista de seus
merecimentos, e abandona seus valores mais altos à apatia e à incompreensão.
São inúteis os reconhecimentos póstumos, e tardio o remorso por um tesouro
perdido. Ai das religiões que não cumprirem
sua tarefa de salvar os valores espirituais
do mundo! O espírito não pode morrer e ressurgirá alhures, fora delas.
Ai dos dirigentes que não obedecerem ao Alto e não atenderem à voz da justiça
que reside na própria consciência! Ai de quem desperdiçar seu tempo e não fizer
de sua vida ua missão!
Um julgamento final vos aguarda a todos,
não por obra de um Deus exterior a vós, a quem se possa enganar ou enternecer.
Ele é uma Lei omnipresente no espaço e no tempo cuja reacção não há distância
nem demora que possa deter, de quem não se escapa, porque está dentro de nós,
como dentro de todas as coisas. Pode evitar-se ou enganar a lei da gravidade?
Assim não se evita nem se engana a reacção da Lei, a justiça divina.
Deixo-vos. Minha última palavra a quem sofre.
Esse é grande na terra, porque regressa a Deus. Destruí a dor e destruireis a
vós mesmos: " Felizes os que choram, porque serão consolados ". Não
temais a morte que vos liberta. Vós e vossas obras, tudo é indestrutível por
toda a eternidade. Minha última palavra é de Amor, de Paz, de Perdão, para
todos.
Minha obra está terminada. Se durante
anos e anos, uma humanidade diferente, muito maior e melhor, olhando para trás,
pesquisar esta semente lançada com muita antecipação para ser logo fecundada e
compreendida, e admirando-se como tenha sido possível adiantar-se aos tempos,
tenha ela um pensamento de gratidão para o ser humano que, sozinho e
desconhecido, realizou este trabalho, por meio de seu amor e de seu martírio.
A sinfonia está escrita. O cântico
emudece. Para ressurgir em outras formas noutros lugares. A voz apaga-se. O
pensamento afasta-se de sua manifestação exterior, descendo ao âmago, para seu
centro, no infinito.
Sua
Voz
Sua Voz – último capítulo de
"A Grande Síntese" (Síntese e solução dos problemas da ciência
e do espírito), cuja 1ª edição saiu em 1937, ditada pelo Senhor Jesus ao Prof.
Pietro Ubaldi (1886-1972), o Apóstolo do Terceiro Milénio.
***
‘DESPEDIDA’ é o último capítulo que coloquei, com a
merecida autorização editorial, na minha obra “ELUCIDANDO”, a qual doei, na
Internet, à Humanidade Lusófona.
Eu Sou,
Álvaro de Jesus
Sacerdote da Ordem de
Melchizedek